Fatores associados à condição de saúde bucal de usuários de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) de Presidente Figueiredo – AM: um estudo transversal

Resumo

Introdução: A cárie dental é uma das doenças crônicas mais prevalentes no mundo e reflete as desigualdades em saúde. Em regiões amazônicas, fatores socioeconômicos e o difícil acesso ao atendimento odontológico influenciam diretamente o risco de cárie e perda dentária. O índice CPO-D (dentes cariados, perdidos e obturados) é uma ferramenta essencial para compreender a experiência acumulada de cárie e orientar políticas de prevenção na saúde pública. O objetivo deste trabalho é correlacionar fatores associados a condição de saúde bucal de uma UBS de Presidente Figueiredo. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, descritivo e de natureza quantitativa, conduzido com 110 pessoas atendidas na Unidade Básica de Saúde Boa Esperança, localizada em Presidente Figueiredo – AM. A coleta de dados foi efetuada através de um questionário estruturado e de um exame clínico intraoral. As análises estatísticas foram realizadas utilizando o software Jamovi (versão 2.7.11), aplicando-se testes de correlação de Perason et de Studen, considerando um nível de significância de p < 0,05. A presente pesquisa foi aprovada pelo (CEP) Instituição Proponente: INSTITUTO AMAZÔNIA DE ENSINO SUPERIOR LTDA-EEP, sob nº CAAE: 91532625.7.0000.9167, nº do Parecer: 7.918.563. Resultados e Discussão: Foram avaliados 110 participantes com idades entre 15 e 88 anos (média 39,4 ± 11,7), sendo 70,9% do sexo feminino. As médias obtidas foram: Cariado = 3,58 ± 3,08, Perdido – 8,83 ± 9,37, Obturado = 4,54 ± 3,44, com CPO-D médio de 16,96 ± 8,09, indicando experiência moderada de cárie (OMS). Houve correlação positiva entre idades e dentes perdidos (r = 0,17; p = 0,03) e forte associação entre dentes perdidos e CPO-D (r = 0,86; p <0,001), demonstrando que o componente “perdido” foi o principal determinante do índice. Não houve diferença significativa entre os sexos (p > 0,05) nem correlação relevante entre idade e dentes cariados ou obturados. A análise de correlação de Pearson revelou associação positiva significativa entre idade e número de dentes perdidos (r = 0,17; p < 0,05), indicando que indivíduos mais velhos apresentaram maior perda dentária. r = grau de correlação (quanto maior, mais forte é a relação entre as variáveis). p = nível de significância (valores menores que 0,05 indicam que a relação é estatisticamente confiável). Os resultados confirmam achados de Puda et al. (2025), que evidenciaram aumento do CPO-D com o avanço da idade. Ferreira et al. (2025) também observaram que a perda dentária é o principal fator de elevação do índice, refletindo desigualdades socioeconômicas persistentes no Brasil. Em regiões amazônicas, como apontado por Lima et al. (2024), o acesso limitado a serviços odontológicos intensifica a perda de dentes e reduz o número de restaurações. Assim, a predominância do componente “perdido” e a experiência moderada de cárie observadas neste estudo reforçam o impacto dos determinantes sociais sobre a saúde bucal. Conclusão: Conclui-se que a idade apresentou relação direta com a perda direta, e o componente “perdido” foi o principal responsável pelo aumento do CPO-D, evidenciando o acúmulo da doença cárie ao longo do tempo. Com base nisso, importância de ações preventivas e educativas voltadas à manutenção dos dentes naturais e à ampliação do acesso a cuidados odontológicos nas comunidades amazônicas.